Esta pesquisa investigou a vida e o trabalho de professores que há mais de 30 anos se mostram comprometidos com a profissão docente e se consideram bem realizados nela. A pesquisa procura compreender, por meio de depoimentos colhidos em entrevistas semi-estruturadas, os fatores que contribuíram para que esses professores chegassem a um estágio avançado na carreira, demonstrando não apenas satisfação e entusiasmo com seu trabalho, como também comprometimento e preocupação com o aprendizado de seus alunos. A partir dos trabalhos de Esteve sobre o mal-estar docente, e de pesquisas (UNESCO, Tenti Fanfani, CNTE, Lapo e Bueno, Marchesi, Day) abordando a condição docente, ressaltou-se a importância da indagação sobre aspectos que propiciam o bem-estar dos professores. Com a ajuda de informantes privilegiados, foram selecionados dez profissionais que atendessem aos seguintes critérios: encontrarem-se entusiasmados em seu trabalho e atentos ao aprendizado dos alunos, terem 30 anos ou mais de experiência docente, estarem ainda em regência de turmas do segundo ciclo do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio, preferencialmente em escola pública. A análise dos depoimentos dialogou com vários autores, dentre os quais Esteve, Huberman, Lüdke, Charlot, Tardif e Lessard, Tenti Fanfani, Contreras, Dubar. As análises buscaram elucidar como a opção pela profissão docente, a formação inicial, a entrada na carreira, a trajetória profissional dos professores, as concepções sobre a função do professor e sobre o ensino influenciam seu sentimento de realização profissional. Buscou-se identificar mudanças e permanências nas identidades e estratégias de trabalho desses docentes, além dos fatores que contribuem para facilitar ou dificultar seu trabalho. Os professores entrevistados encontram-se muito comprometidos com a sua função e realizados na profissão. Vivenciam as dificuldades como desafios que os impulsionam na busca de soluções inovadoras. O exercício de diferentes funções docentes contribuiu para ampliar sua visão sobre a escola e sua função. E cada um foi escolhendo, dentre as trajetórias possíveis, as que melhor atendiam a suas aspirações. Ao mesmo tempo em que se individualizaram, não se isolaram, buscando parcerias para um trabalho conjunto, quer com pares dentro das instituições, quer com profissionais fora da escola, em universidades, sindicatos ou associações de docentes. Sua competência se alimenta dessas parcerias e de sua busca constante pelo saber, pautada tanto numa postura de ser aprendente, como através de uma formação continuada constante. Construíram boas relações com os alunos e tentam mobilizá-los para o prazer de aprender.