Um dos pressupostos deste trabalho é que o desenvolvimento humano se dá em contextos. Acedita-se que entender o desenvolvimento durante a Educação Infantil seja necessária à compreensão dos diferentes contextos que fazem parte da vida das crianças. Para tal, será utilizado o modelo de Urie Bronfenbrenner sobre o contexto social, em que as crianças se desenvolvem. Utilizou-se o conceito de Nicho de Desenvolvimento proposto por Sara Hrarkness e Charles Super que contribui para a compreensão do papel do contexto no desenvolvimento. A presente tese teve como objetivo investigar as relações das práticas educativas parentais e as características familiares com os comportamentos transgressores das crianças de três a cinco anos do município do Rio de Janeiro. Participaram do estudo 50 pais e 6 professoras de 1 creche localizada em uma favela da Zona Sul do Rio de Janeiro e de 1 Espaço de Desenvolvimento Infantil na Zona Norte do Rio de Janeiro. Foram aplicados os instrumentos: Escala de Crenças Sobre Práticas Parentais na primeira infância, o Inventário do Clima Familiar – ICF e a ficha de dados sociodemográfica. Uma entrevista dirigida com as professoras foi realizada para investigar os objetivos propostos. A partir das análises feitas, pode-se perceber que a maioria dos pais e mães demonstra em suas respostas preocupações e cuidados com seus filhos, visto que para a maioria das afirmativas eles responderam nível 5 (sempre). Esse achado pode ser relacionado com as análises das entrevistas das professoras, que demonstram, de forma geral, que as crianças não apresentam comportamentos agressivos ou transgressores. Para a análise de dados foi utilizado o software Iramuteq. O corpus geral das entrevistas foi constituído por 50 textos, que representam as 50 entrevistas realizadas na pesquisa. Emergiram 8.745 ocorrências (preposições, palavras, formas ou vocabulários), sendo 1094 palavras distintas e 171.047 palavras com uma única ocorrência. Além disso, nos dados sociodemográficos encontram-se participantes com formações que variaram do Ensino Fundamental Incompleto (24 por cento) ao Superior Completo (4 por cento). Logo, como nos diz Bronfenbrenner (1992), pode-se verificar as possíveis influências na relação da criança com o ambiente onde está inserida. Acredita-se que, se a criança está inserida em um ambiente saudável para seu desenvolvimento, ela dificilmente apresentará comportamentos transgressores ou agressivos nesses espaços. A partir das análises das respostas dos pais e das professoras, pode-se dizer que os aspectos relacionados a crenças e práticas parentais estão de acordo com o perfil de comportamento apontado pelas professoras em suas entrevistas. Acredita-se que o presente estudo possa trazer benefícios tanto para a área de educação quanto para a área da psicologia do desenvolvimento e psicologia da educação.