O estudo da política democrática tem em seus fundamentos uma série de fortes premissas. Uma das principais e que sustentam parte dos argumentos para uma democracia que funcione com base em deliberação e voto, pois essa é a melhor forma de transformar as preferências dos eleitores nas políticas públicas desejadas por estes. A teoria (Downs, 1957) acredita que o eleitor irá estar factualmente informado, e assim utiliza dessa informação para tomar a decisão que mais atende aos seus interesses. Todavia, sabemos hoje que o eleitor possui muito pouca sofisticação no que tange ao acervo de conhecimento político que possui (Delli Carpini e Keeter, 1996), isso associado com um cenário político infestado de desinformação, nos evidencia que talvez essas premissas estejam sendo desafiadas. Neste trabalho, investigamos o uso de informação falsa por parte das elites políticas, buscando entender quais componentes do sistema democrático e da própria forma como indivíduos pensam que permitem que a desinformação seja usada pelas elites como instrumento de manipulação da opinião das massas. Concluímos apontando direções e caminhos possíveis para a expansão da agenda de pesquisa acerca de motivações das elites para que participem do processo de disseminação de desinformação política.