Durante o começo da pandemia de Covid-19, em 2020, enquanto as autoridades estaduais do Rio de Janeiro se apressavam na compra de equipamentos e na construção de hospitais de campanha, surgiu uma intensa cobertura jornalística sobre o gasto de recursos públicos. Dezenas de reportagens de diferentes veículos de comunicação denunciaram que havia indícios de superfaturamento em compras, inconsistências em contratos e mesmo fraude em contratações. Após as reportagens, foram instauradas investigações criminais sobre a corrupção no governo Wilson Witzel e também foi aberto um processo inédito de impeachment na Assembleia Legislativa, que terminou com a cassação do governador. Para realização desse estudo, foram analisadas as primeiras reportagens desta cobertura jornalística de quatro veículos – Blog do Berta, Folha de São Paulo, RJ2 (TV Globo) e O Globo – e conduzidas entrevistas com repórteres envolvidos na cobertura, a fim de identificar as fontes de informação utilizadas e discutir práticas, rotinas produtivas e seu resultado final no processo de construção das reportagens investigativas. A metodologia utilizada privilegiou a análise de conteúdo e a técnica da entrevista em profundidade. A pesquisa concluiu que as ferramentas de transparência e acesso às informações de órgãos públicos desempenharam um papel fundamental no incremento à credibilidade das reportagens, representando 46% das fontes de informação identificadas nas matérias analisadas, resultado que foi corroborado pela percepção dos jornalistas entrevistados.