A modernidade, ou as modernidades, na América Latina, se deram de uma forma particular, a partir de uma hibridização dos projetos de modernidade com as realidades de cada país. No caso do Chile, o discurso de modernização era atravessado em grande medida por um projeto neoliberal, de modo que a Ditadura de Pinochet tinha como discurso a promoção de uma modernização do Estado e da sociedade chilena a partir da implementação de uma agenda neoliberal. Essa agenda, conjuntamente com outros projetos de modernização, é continuada pelos governos da Democracia Restaurada. A partir do choque desses discursos e projetos de modernidade com a realidade e demandas locais, a superfície dessa modernidade sofre rachaduras, de onde emerge um novo cenário social e político, comumente atribuído o nome de pós-modernidade, que é entendido aqui não como uma superação absoluta de questões e projetos modernos, mas sim como principalmente uma problematização dessas questões. O que busco compreender é que questões esse novo cenário pós-moderno desloca e problematiza, o que surge a partir disso, e quais as implicações desse processo no mundo concreto. Pretendo, portanto, pensar a partir do cinema, na medida em que compreendo que o cinema nos oferece certas vantagens para a análise política e social. Dessa forma, farei uma análise através do Cinema Novo Chileno, na medida em que esse é um movimento cinematográfico que exibe justamente essa passagem de um cenário para outro, com personagens e estruturas imagéticas que exibem problematizações da modernidade, e nos apresenta novas configurações mentais e sociais que passam a emergir a partir desse movimento.